De montanhas de lixo a um modelo de sustentabilidade: o maior festival de moto e rock da América Latina mostra como transformar resíduos em renda, legado e consciência.
Por trás dos motores, acampamentos e do espírito de irmandade que marca os 10 dias de evento, há outro movimento igualmente poderoso. No Capital Moto Week (CMW), a gestão de resíduos se torna um pilar essencial para o futuro. Em uma verdadeira cidade inteligente, a coleta e seleção consciente protegem o planeta, movimentam a economia, sustentam famílias e despertam a consciência ecológica no público e parceiros.
No CMW, lixo não é problema é oportunidade. É transformação social, ambiental e humana.
Rumo ao seu 4º ano como referência em triagem de resíduos, o festival ostenta o selo internacional Lixo Zero, da Zero Waste International Alliance, além de seguir rigorosamente a norma ABNT NBR ISO 20121, que certifica eventos sustentáveis.
“O que antes era um problema, virou missão”, afirma Juliana Jacinto, CEO do Capital Moto Week. “Hoje, não geramos lixo. Geramos adubo, renda e oportunidade. Em 2017, desviamos apenas 5% do lixo do aterro. Já em 2024, alcançamos 92,7% de desvio, com mais de 37 toneladas de resíduos destinados corretamente.”
Essa revolução sustentável começou a ganhar força em 2022 e hoje inspira outros grandes festivais do país. A primeira e mais decisiva ação? Valorizar quem entende de resíduos: os catadores.
Desde o início, o festival conta com a parceria da Associação dos Catadores e Recicladores de Resíduos Sólidos de Brazlândia (ACOBRAZ). Para dar vida ao plano, os catadores foram capacitados, valorizados e colocados no centro da operação, como explica Kallel Kopp, coordenador de sustentabilidade do CMW. Em 2025, 20 cooperados atuam diretamente no Centro de Triagem de Resíduos dentro do evento.
O caminho dos resíduos: disciplina, respeito e transformação
Quem visita o galpão de triagem do CMW se surpreende com a organização e o ritmo do trabalho. Após a coleta na Cidade da Moto, os sacos de resíduos chegam lacrados e organizados por rota. Tudo é aberto, pesado, separado e valorizado. Latas, papelão, vidro e plásticos são tratados como insumos preciosos. Resíduos orgânicos, como restos de alimentos, são encaminhados para compostagem e viram adubo rico para a terra.
“É tudo limpo e organizado. A gente trabalha como uma engrenagem”, conta Severino Pacheco, 53 anos, liderança da cooperativa. “Eu vim do lixão da Estrutural. Hoje, aqui, tudo mudou. Esse trabalho transformou minha vida e a de muitos. O que a gente ganha em dias aqui, levaria meses lá fora.”
Entre as mesas de triagem, mulheres se destacam. Como Sebastiana Celino, 30 anos, mãe de quatro filhos, que vê no trabalho a chance de garantir sustento e esperança:
“Aqui, além de trabalhar, a gente encontra paz. Isso muda o futuro das próximas gerações.”
Jaqueline Souza, também mãe de quatro, completa: “Lá em casa, todos ajudam na separação. Eles sabem que a latinha vira dinheiro. E cuidar do planeta é cuidar da gente.”
Soluções sustentáveis em todos os detalhes
Além do centro de triagem, o festival adota práticas sustentáveis como:
- Uso exclusivo de descartáveis compostáveis e copos retornáveis;
- Coleta de resíduos eletroeletrônicos nas comunidades vizinhas;
- Descontos nos ingressos para quem contribui com doações.
Até a cenografia é pensada para durar. A famosa caveira gigante, símbolo do evento, já foi palco e decoração, e hoje segue sendo reaproveitada com novos propósitos.
“Tudo aqui é feito para durar, ser reutilizado, virar recurso. Essa é a nossa cultura”, explica Kallel. A cada nova caçamba de alumínio reciclado, cresce o sentimento de propósito cumprido.
“Não falamos mais em lixo. Falamos em recurso, transformação e pertencimento”, conclui a CEO Juliana Jacinto.
Na Cidade da Moto, tudo se transforma
Durante os 10 dias de festival, mais de 20 mil pessoas vivem acampadas no local. Elas cozinham, lavam louça, fazem churrasco e produzem resíduos. Mas também aprendem, colaboram e contribuem com um ecossistema sustentável.
No Capital Moto Week, nada se perde tudo se transforma.
Sobre o Capital Moto Week 2025
De 24 de julho a 2 de agosto, Brasília recebeu o maior festival de motos e rock da América Latina. Foram:
- 856 mil pessoas
- 370 mil motos
- Mais de 1.800 motoclubes do Brasil e do mundo
- 107 shows
- 5 palcos temáticos, tirolesa, bungee jump, roda-gigante e muito mais
Em um espaço com mais de 320 mil m², o CMW entrega muito mais do que música: entrega propósito, inclusão, diversidade, respeito ao meio ambiente e uma experiência que transforma.
Siga nosso perfil: @Dicasnolagonorte