O Lago Paranoá, um dos principais cartões-postais de Brasília, vai muito além de sua beleza cênica. Ele é peça-chave na estrutura ambiental, urbana e social da capital federal. Suas águas ajudam a amenizar o clima seco do Cerrado, participam da geração de energia elétrica, abastecem parte da população e oferecem um espaço de lazer e contemplação para os moradores e turistas. No entanto, apesar de tamanha relevância, o ecossistema do Lago Paranoá ainda sofre com a ausência de um monitoramento integrado, frequente e contínuo de sua fauna e flora um instrumento considerado essencial para garantir sua preservação a longo prazo.
Estudos mais abrangentes sobre a biodiversidade do lago foram realizados majoritariamente nas décadas de 1990 e início dos anos 2000. Desde então, apesar de ações pontuais conduzidas pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram) em parceria com universidades e secretarias do Distrito Federal, ainda falta uma política pública estruturada que assegure a coleta regular de dados sobre as espécies vegetais e animais, suas dinâmicas populacionais e os impactos ambientais causados por alterações humanas ou naturais.
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), como os professores Pedro de Podestà e Reuber Brandão, destacam a urgência de um programa contínuo de mapeamento ecológico, não apenas para fins acadêmicos, mas principalmente para subsidiar ações efetivas de gestão, conservação e uso sustentável do Lago Paranoá. Eles alertam que a falta de informações atualizadas favorece a proliferação descontrolada de espécies, como é o caso das capivaras e de algumas plantas aquáticas, além de aumentar o risco de transmissão de zoonoses.
A população local, especialmente nas regiões do Lago Norte, relata preocupações com a presença de animais silvestres, muitas vezes associadas a desinformação ou ausência de sinalização e orientações oficiais. Casos de pânico injustificado nas redes sociais, envolvendo jacarés, por exemplo, são reflexo direto da falta de comunicação clara entre os órgãos ambientais e a sociedade.
Outro fator agravante é a degradação da qualidade da água, provocada principalmente pelo despejo irregular de esgoto, ocupações irregulares nas margens, desmatamento de áreas de preservação e acúmulo de sedimentos. Mesmo com programas como o Drenar DF e algumas ações de recomposição vegetal nas Áreas de Preservação Permanente (APPs), o impacto negativo da ocupação urbana e da falta de fiscalização ainda compromete o equilíbrio ecológico do lago.
Portanto, especialistas, ambientalistas e moradores convergem em um ponto: é urgente a implementação de um programa robusto, permanente e interdisciplinar de monitoramento da fauna e flora do Lago Paranoá. Preservar este patrimônio natural não é apenas uma questão de cuidado com o meio ambiente, mas também uma medida essencial para garantir saúde pública, segurança ecológica e qualidade de vida para as futuras gerações da capital.
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