A elevação no número de acidentes reacende o alerta sobre os perigos no Lago Paranoá; imprudência, consumo de álcool e falta de equipamentos de segurança estão entre as principais causas.
Mesmo antes do período de maior movimento nas áreas de banho, os casos de afogamento no Lago Paranoá têm chamado a atenção das autoridades. Somente entre os dias 19 e 26 de abril, foram registradas seis ocorrências, três delas com vítimas fatais. Como resposta, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) intensificou a patrulha com embarcações nos trechos considerados mais perigosos. No entanto, a medida não foi suficiente para evitar uma nova tragédia neste domingo (4/5): um jovem de 22 anos se afogou no Piscinão do Lago Norte, sendo encontrado a cerca de 20 metros da margem e precisando de reanimação após uma parada cardiorrespiratória.
Apesar de ainda não ser o auge da temporada de banhistas tradicionalmente nos meses de agosto e setembro, o cenário já preocupa. As regiões mais populares para banho e lazer, como a Ponte JK, Ermida Dom Bosco, Praia dos Orixás, Deck Norte (Bragueto) e Prainha do Lago Norte, concentram o maior número de ocorrências.
Fatores de risco: bebida, imprudência e desconhecimento
Segundo o sargento Jean Costa, o consumo de álcool é um dos principais agravantes. “A mistura de bebida alcoólica com a entrada no Lago é o fator de maiores problemas. É preciso atentar para a sinalização e ter por perto uma boia ou flutuador. Segundos e minutos podem ser bem perigosos”, alerta.
A falta de conhecimento sobre o local também contribui para o risco. Em alguns trechos, a profundidade do lago muda drasticamente de dois para até nove metros. “Na Ponte JK, as pessoas tentam chegar a uma ilha a 20 metros da margem, mas, no meio do trajeto, a água já não dá pé. Ali acontece a maior parte dos afogamentos”, relata o sargento Gabriel Costa.
Rondas reforçadas e ações preventivas
Em resposta à situação, o CBMDF determinou que as rondas com jetskis e flex boats, antes esporádicas, se tornassem obrigatórias. Os bombeiros realizam patrulhamentos preventivos e chegam a intervir antes que ocorram afogamentos. “Apitamos quando alguém está indo para longe. Se percebemos falta de perícia, fazemos o resgate preventivo”, destaca o subtenente R. Ricardo.
Ainda assim, a extensão do lago dificulta o monitoramento total da área. Por isso, os bombeiros reforçam a importância do acionamento imediato pelo número 193 em caso de emergência.
Experiências de quem vive e frequenta o Lago
Marcos André Oliveira, que há 15 anos trabalha com aluguel de equipamentos aquáticos como caiaques e stand up paddle, diz já ter salvado banhistas. “Já puxei um rapaz pela mão que estava afundando. Muitas vezes, a pessoa não sabe nadar, usa drogas ou álcool, e não usa colete salva-vidas”, afirma.
A corretora de imóveis Marilena Dalledone, que visitava o lago com a família, destaca a importância da segurança. “Sempre uso colete. Já deixei de entrar num passeio por não me sentir segura. Acho que falta fiscalização quanto ao uso de bebida por quem pilota embarcações”, alerta.
Famílias que frequentam o local também redobram os cuidados. Lucas Vinícius e Michelle de Almeida, de Santa Maria, levavam os filhos pela primeira vez ao Paranoá. “Não descuido nem de longe. Já tivemos uma experiência ruim em toboágua, e agora ficamos ainda mais atentos”, disse Michelle.
O sushiman Rafael Santos, que voltou ao Lago quase 20 anos depois, agora evita áreas fundas. “Prefiro ficar na beirada. Um colega meu morreu afogado quando estudávamos juntos. Desde então, tenho mais atenção”, revela.
Cuidados recomendados pelos bombeiros:
- Nunca entre na água após consumir álcool ou outras substâncias.
- Use colete salva-vidas em qualquer atividade aquática.
- Evite tentar atravessar o Lago; nade sempre paralelo à margem.
- Esteja atento à profundidade, que muda abruptamente.
- Supervise crianças constantemente.
- Em caso de emergência, ligue 193 imediatamente.
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